Agravamento de surto na Bolívia mantém fronteira em alerta contra gripe aviária
Agentes apreenderam duas cargas de aves em Corumbá desde o início do reforço na fiscalização
O agravamento da emergência sanitária devido aos casos de gripe aviária na Bolívia reforçou o alerta na região de fronteira. Passado pouco mais de um mês desde o início das frentes de fiscalização em Corumbá, o desafio agora é manter a mobilização para evitar uma eventual entrada da doença no Brasil.
A imprensa boliviana noticiou que pelo menos 230 mil aves foram sacrificadas desde o fim de janeiro. O país ainda comprou e aplicou 2 milhões de doses de vacinas contra a gripe aviária. A região de Cochabamba é a que mais preocupa as autoridades sanitárias locais.
Em Corumbá, as ações de enfrentamento à doença vão da fiscalização de cargas à sensibilização em assentamentos e propriedades rurais.
O superintendente federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul (SFA-MS), Celso Martins, descarta o “risco zero” de entrada da gripe aviária no Brasil.
“São duas as avaliações para poder pensar em quantificar risco. A primeira é a situação geral da doença no território boliviano, que se agravou. Houve mais notificações, ampliou o número de ocorrências. Em relação ao nosso trabalho, o risco minimizou muito. O objetivo de minimizar o risco a gente entende que foi alcançado, principalmente por termos disseminado informação”, disse.
A fiscalização de trânsito em Corumbá se divide entre o Posto Esdras, na fronteira com a Bolívia, e o Buraco das Piranhas. Segundo o superintendente, desde o reforço na região, os agentes de campo fizeram duas apreensões de aves vivas e sem qualquer documentação de procedência. Uma delas, galos de rinha vindos de área com alta incidência do vírus da gripe aviária. A outra, galinhas trazidas para consumo.
No Posto Esdras, um arco de desinfecção auxilia no combate à doença. O equipamento foi doado pela Avimasul (Associação dos Avicultores de Mato Grosso do Sul) e alcança uma média de 40 veículos por dia.
Além dos postos fixos de fiscalização, equipes volantes visitam assentados e produtores em um trabalho de educação sanitária. Áreas mais afastadas e locais onde há fluxo de aves silvestres migratórias são monitoradas com uso de drone. A iniciativa tem o apoio de Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal) e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).
Rotina de fiscalização não é sustentável, diz superintendente
A SFA-MS apostou na força-tarefa para barrar a entrada da gripe aviária no Brasil por Corumbá. Técnicos ligados ao Ministério da Agricultura vieram de outros estados para trabalhar na fronteira com a Bolíva. Celso Martins estima que pelo menos 100 auditores e servidores chegaram a atuar simultaneamente nas ações desde o fim de fevereiro.
“Mas esse trabalho não é sustentável ao longo do tempo. A gente precisa ver bem o que está acontecendo na Bolívia, qual é o caminho que as autoridades sanitárias de lá estão apontando, e estabelecer uma rotina que seja aplicável. De forma alguma diminuir a vigilância, mas modificar a forma de operar. A gente não sabe quanto tempo perdurará isso e ao longo do tempo a gente acaba ficando sem condições de operar”, avalia o superintendente.
Também chamada de influenza aviária, a gripe aviária é altamente contagiosa e afeta várias espécies de aves, domésticas e silvestres. O vírus nunca foi detectado no Brasil, mas tem distribuição mundial em ciclos pandêmicos e graves consequências ao comércio externo de produtos avícolas.
Conforme registros da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o vírus da gripe aviária já foi encontrado recentemente em 14 país do continente americano: Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Honduras, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.
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