Interagro projeta novo ciclo para a pecuária e reforça protagonismo de MS nas cadeias produtivas
Especialistas projetam cenário positivo para carne, leite, aves e suínos.
Com especialistas do setor e representantes de entidades ligadas à bovinocultura de corte, leite, avicultura e suinocultura, o Interagro 2025 promoveu uma leitura atualizada do mercado das cadeias produtivas e traçou perspectivas para os próximos anos, diante de um cenário de retomada e desafios geopolíticos. Realizado pelo Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho - SRCG, o evento teve a presença do consultor Alcides Torres, da Scott Consultoria, que apresentou um panorama amplo e objetivo da pecuária brasileira, reunindo dados que apontam para um novo ciclo de recuperação para a cadeia de corte.
Em sua análise, a fase de pressão nos preços, provocada pelo excesso de abate de fêmeas, parece estar chegando ao fim. “A expectativa para o mercado pecuário é de um cenário firme, com grandes possibilidades de alta para o boi gordo e também para os bovinos de reposição”, afirmou. Segundo ele, os indicadores mostram que a margem dos produtores deve melhorar nos próximos meses, acompanhada por uma recuperação dos frigoríficos. “Condensamos números do abate, da exportação, do varejo, da margem dos elos da cadeia e fizemos projeções para os próximos dois anos. Há sinais consistentes de que a fase ruim ficou para trás”, disse.
Para o Mato Grosso do Sul, os dados também são promissores. A diferença de preço da arroba entre o estado e São Paulo está cada vez menor, o que facilita estratégias de comercialização e operações de proteção na Bolsa (B3). “A correlação entre as cotações está próxima de 1, o que é excelente para os produtores sul-mato-grossenses”, pontuou.
Apesar das boas perspectivas, o cenário internacional ainda impõe desafios. Torres destacou a instabilidade gerada pelas guerras na Europa e no Oriente Médio, além da guerra comercial envolvendo os Estados Unidos. “Esses fatores afetam o mercado global de alimentos e fertilizantes. São elementos desestabilizadores, mas que a gente precisa aprender a conviver e superar”, alertou.
Cadeias produtivas
O panorama econômico traçado por Alcides Torres foi aprofundado no painel “Cadeias Produtivas da Agroindústria”, que reuniu representantes das cadeias produtivas da pecuária de corte, leite, suinocultura e avicultura. O debate reforçou que, embora cada setor tenha suas especificidades, todos compartilham o desafio de manter a competitividade diante da instabilidade externa e da necessidade de ganho de eficiência.
Na suinocultura, o cenário em Mato Grosso do Sul é de expansão. O estado vem se consolidando como uma das novas fronteiras da produção nacional. Segundo dados da Asumas (Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores), o rebanho estadual ultrapassou 2,2 milhões de suínos em 2023, um crescimento de mais de 40% nos últimos cinco anos. A atividade já responde por cerca de 6% da produção brasileira e tem atraído investimentos em granjas tecnificadas, plantas frigoríficas e fábricas de ração.
“Vivemos um momento de avanço, com aumento na produção, melhoria genética e abertura de novos mercados. A suinocultura é uma grande oportunidade para o estado, e queremos que ela seja também sinônimo de rentabilidade no campo”, destacou a vice-presidente da Asumas, Eleiza Arão.
Na avaliação do tesoureiro da Associação Novilho Precoce MS, a força do associativismo tem sido essencial para enfrentar os desafios e buscar eficiência no campo. “Nossa Associação vem para agregar, porque é uma união de produtores com um bem comum: melhorar a negociação, a rentabilidade. E agora, com a fundação da cooperativa, vamos além, o cooperado terá ainda mais retorno e poder de decisão.
O setor leiteiro foi representado por Éder Souza Oliveira, presidente da Câmara Setorial do Leite, enquanto a avicultura esteve representada pelo dirigente da Avimasul e presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, Aroldo Hoffmann.
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