ESSAS CORUMBAENSES...

Meu bairro - aliás, o bairro de onde vim - atende pelo nome de Corumbá e responde por alguns apelidos reveladores. Pode ser Pantaneiro, Cidade Branca, Terra de Xaraés, Andinopantaneiro.

Não sou bairrista daqueles que acham que meu bairro é o melhor e o mais bonito do mundo. Porém eu o considero o bairro em que adoraria ter nascido - e nasci. Por isto, o adoro. Vivo longe dele, a 420km, mas ele não sai de perto de mim. De perto, não. De dentro.

Neste bairro de chão calcáreo e lacrimoso cultivamos a alegria e a grandeza de sermos dignos das alegrias e das tristezas que nos humanizam. E hoje, tenho nas mãos a semente de uma alegria que se vestiu de tristeza cultivada pelo bairrismo saudável diante da partida de Eva Maria Granha de Carvalho.

Partiu. Viagem de quem vai e fica. Nem precisou dizer adeus. Ela foi a Deus. Deixou-nos no suor da fronte e em cada gota de pranto o legado de sua lavoura de fé, generosidade e perdão, brotos que só germinam na terra fértil da justiça.

Amanhã, quinta-feira, vou à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (um dia desses vou demitir da confraria quem inventou o hífen). A Roda Acadêmica da ASL vai debater o legado de Oliva Enciso. Uma corumbaense também. Conterrânea de Eva Granha, Clio, Lobivar, Medeiros, Proença, Rubens de Castro, Vô Ozório, Dr Gabi, Ângela Peres...

Oliva partiu em 2005, aos 96 anos. Eva nesta quarta-feira, 23 de abril, aos 91. Foram, mas como toda boa coletivista que se preza, deixaram sua herança para nós. Um legado. Lições para quem queira aprender como se faz para viver e continuar vivo depois da morte para que o plantio não se esgote.