PROFESSORES VALMIR E LÚCIA CORRÊA LANÇAM NESTA SEXTA-FEIRA DOIS LIVROS DA SÉRIE "MS: UMA HISTÓRIA REVISITADA" NO IHGMS, EM CAMPO GRANDE
| Ahmad Schabib Hany
"Sertões, homens de ferro, cidades de barro" e "Histórias que não foram bem contadas", da série "Mato Grosso do Sul: Uma história revisitada", serão lançados pelos autores na auditório do Instituto Histórico e Geográfico de MS (Avenida Mato Grosso, 3000).
"Sertões, homens de ferro, cidades de barro" e "Histórias que não foram bem contadas", editados pela CRV, de Curitiba, são ilustrados com imagens de época analisadas pelos autores. O cuidado editorial preserva a acuidade da pesquisa de referência da História em nossa região, desenvolvida em um tempo em que os recursos tecnológicos eram raríssimos e distantes em uma região considerada periférica e até inóspita para os acadêmicos dos grandes centros urbanos.
As capas são ilustradas por fotos emblemáticas, entre elas a do líder da Coluna Prestes, Luiz Carlos Prestes, ao lado do então jovem repórter que décadas mais tarde se tornaria advogado e benfeitor corumbaense Gabriel Vandoni de Barros, colaborador de importantes jornais brasileiros. Na outra capa, em que estão em primeiro plano homens armados, funcionários da agência de Corumbá do Banco do Brasil, fazendo a segurança para o transporte de dinheiro a ser levado à fronteira boliviana por causa dos rumores da chegada dos homens da Coluna Prestes ao Pantanal.
O Professor Valmir Corrêa, que generosamente nos compartilhou alguns de seus achados, revelou que Gabriel Vandoni de Barros, discreto e comedido, não lhe confidenciara que era autor de célebre reportagem sobre o líder militar oriundo do Movimento Tenentista na segunda década do século passado, ele viria a descobrir esse fato anos depois. Benfeitor de uma generosidade singular, Vandoni doara sua biblioteca particular em 1983 à Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (também conhecida por ILA), no início do mandato do primeiro governador do estado eleito democraticamente, Doutor Wilson Barbosa Martins.
As obras são o ápice de um conjunto de importantes trabalhos acadêmicos de rigorosa qualidade editorial, por meio da qual desvelam processo histórico em que a versão oficial escamoteia, ainda que muitas vezes não deliberadamente, os fatores históricos de um território marcado e demarcado pela questão social não devidamente elucidada. Valmir e Lúcia, membros do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS), debaterão tópicos inerentes à temática.
PIONEIROS DA HISTÓRIA REGIONAL
Valmir Batista Corrêa primeiro e Lúcia Salsa Corrêa pouco tempo depois, foram professores pioneiros do Centro Pedagógico de Corumbá (CPC), vinculado à Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT). Oriundos de São Paulo, iniciaram sua carreira docente e de pesquisas em 1971, tendo estruturado, com a Professora Edy Assis de Barros, o curso de História, além de curso de especialização (pós-graduação lato sensu) em História da América Latina, em 1990. Permaneceram no Centro Universitário de Corumbá (CEUC), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), até 1997, quando foram criar o Mestrado em História na UFMS, na capital, onde também fundaram a revista acadêmica Albuquerque, cuja edição só sofreu solução de continuidade depois dos dois pesquisadores terem se aposentado.
No entanto, a aposentadoria não representou o fim de suas atividades de pesquisa, tendo contribuído significativamente nas atividades do IHGMS, onde aportam com linhas de pesquisa em História de indiscutível relevância para o que entendem ser a Ciência Histórica, sobretudo para as novas gerações de pesquisadores. O Professor Valmir Corrêa foi convidado para a aula inaugural do Curso de Mestrado em Comunicação da UFMS em 2022 -- reconhecimento de uma obra magistral sobre a História do sul de Mato Grosso e da nova unidade da federação a partir de 1979. Curiosamente, os dois docentes pioneiros nunca foram convidados a qualquer atividade do hoje CPAN/UFMS, marca, aliás, de uma instituição que não prima pela memória viva de seus pesquisadores e docentes.
Ao lado do Amigo Gilberto Luiz Alves, que criou o Instituto Cultural Gilberto Luiz Alves (ICGLA), participam não só de iniciativas de pesquisa como de atividades da Sociedade de Bibliófilos desse instituto cultural, que promove debates e publica diversas obras na área da História. Em parceria com editoras como a Entrelinhas, de Cuiabá, e Maria Petrona, de Londrina, tem uma coleção inédita de livros de autores de renome acadêmico, como os Professores Sandino Hoff, Maria Angélica Cardoso, Sílvia Helena Andrade de Britto, Gilberto Luiz Alves, além de Valmir e Lúcia Corrêa, com ilustrações exclusivas em bico de pena de renomados artistas plásticos, como Marlene Mourão, Ton Barbosa e Lelo.