LULA E OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO EM 2023
Com pouco menos de um mês de empossados, é impossível cobrar e analisar com profundidade a gestão dos 27 governadores e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Excetuando, claro, os gestores que se reelegeram pois se trata de continuidade. Entretanto, já podemos aferir alguns caminhos trilhados nesses dias. A comunicação é um exemplo.
Tendo como estudo a gestão do Governo Federal pela abrangência e também por se tratar de um caso único de um governante que já ocupou o cargo por dois mandatos e cujo antecessor e seu projeto é antítese do seu, podemos ver a administração Lula 3 ainda ajustando os ponteiros.
Acredito que dois pontos contribuem para essa situação (além do pouco tempo de gestão, claro). O primeiro é o parâmetro. O petista governou o país em seus dois primeiros mandatos de 2003 a 2010 com uma outra realidade da era da comunicação. As mídias tradicionais eram bem mais fortes e com penetração do que hoje. O grosso da população se informava por Rádio, TV, Jornal e uma incipiente internet sem ainda o advento das redes sociais e com portais e blogs com alcance limitado.
Para se ter uma ideia, a rede social mais popular da época era o Orkut, fundado em 2004. O Twitter surgiu em 2008 e o Facebook se popularizou apenas no fim do governo Lula em 2009/2010. Nem sequer se sonhava com WhatsApp e TikTok. Portanto, ele e sua entourage ainda se adaptam a essa realidade.
Outra questão vem das fake news e sua alta velocidade de disseminação. Fruto da popularização das redes sociais e de doutrinas políticas criadas mundo afora. As eleições de Donald Trump nos EUA em 2016 e de Jair Bolsonaro no Brasil em 2018 criaram um outro patamar do uso da comunicação política por meio da internet e de todas as suas ferramentas para propagar suas teorias e mensagem. Aí valem-se de artifícios de qualquer natureza moral. É um desafio não somente para Lula ou Biden, mas que todos os governos democráticos têm que encarar mais dia ou menos dia.
São situações que podem e em algum momento serão superadas, mas para isso é necessário entender bem o que significa uma comunicação eficaz nos dias de hoje. E isso inclui, além de questões técnicas como clareza, rapidez, empatia, identificação e conteúdo de fácil assimilação, também estratégias comunicacionais e políticas como aumentar capilaridade, regionalizar informações, investimentos em fact-checking e vacinas contra as fake news. É misturar McLuhan com Maquiavel.
Veja Também
Presidente Lula assina decretos que ampliam a participação popular no governo
O QUE ESPERAR DO NOVO CONGRESSO?
Lula denuncia “bandidagem” que impede governo de retomar controle da Eletrobrás