O CÉREBRO ESTÁ VIRANDO PURÊ DE PIXELS E TÁ TUDO BEM (OU QUASE)
Mas calma! Antes de sair queimando o TikTok com uma tocha na mão, vamos lembrar de uma coisa: cada geração teve sua cota de besteira. Nos anos 90, a gente assistia TV Colosso, Xuxa Park, Power Rangers e achava tudo o máximo. E ninguém morreu (pelo menos não de burrice, só de vergonha alheia).
Esse papo de que “as crianças de hoje estão sendo destruídas pelos vídeos” é quase igual àquele desespero dos nossos avós com o rock’n’roll, com a TV, com o Atari, com o pagode romântico... Enfim, é sempre a mesma história: nova tecnologia aparece, a molecada adora, e os adultos piram dizendo que é o fim da civilização. Se fosse por isso, a humanidade já teria acabado umas 39 vezes.
É claro que passar o dia inteiro vendo vaso sanitário dançar não vai te transformar no novo Einstein. Mas vamos ser sinceros: quem nunca ficou horas vendo vídeo de gatinho? Ou caiu no buraco sem fim do “coisas satisfatórias”? A diferença é que agora tem algoritmo, e o danado do bicho sabe mais sobre você do que sua mãe. Ele te dá um vídeo besta... e aí mais um... e mais um... e quando você vê, já tá assistindo um pepino sendo cortado em ASMR enquanto pensa: “só mais esse, juro”.
O tal do professor gringo até disse que não é o conteúdo que estraga o cérebro, é a falta de desafio. E ele tem razão! O cérebro não apodrece porque viu um crocodilo bombardeiro, mas porque só viu isso o dia inteiro. A cabeça precisa de exercício, tipo musculação, mas com sinapse. Se só comer bobagem, o cérebro fica flácido. Tipo braço de quem só malha perna.
E olha, não é só a molecada não! Os mais velhos tão aí, hipnotizados por vídeos de receitas que viram gatinhos, notícia falsa, textão no zap e dancinha do neto do Fábio Júnior. Ou seja, a podridão cerebral não tem idade. É democrática, inclusiva e atinge todos os CPFs.
No fim das contas, o problema não é a Skibidi Toilet, nem o Bombardino Crocodilo. O problema é a gente esquecer de equilibrar: um pouco de besteira, um pouco de leitura, um pouco de vídeo de pepino cortado, um pouco de conversa de verdade. E quem sabe, se sobrar tempo, até um livro, pô!
Então antes de sair xingando a geração Z e Alfa, olha no espelho. Tá vendo esse adulto aí? Talvez o cérebro dele já esteja meio podre também. Mas tudo bem. Ainda dá pra salvar. Só não vale assistir esse editorial em forma de dancinha.
E lembre-se: cérebro é que nem feijão — se deixar parado, fermenta.
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