O GRITO SILENCIADO DAS MULHERES PAULISTAS
Estamos em 2025. Em pleno século XXI, o estado mais rico do Brasil, São Paulo, assiste a um triste e revoltante espetáculo de sangue e silêncio: o feminicídio avança como uma epidemia invisível.
Os números são frios, mas as histórias por trás deles são quentes, dolorosas e reais. Em 2024, 245 mulheres foram mortas pelo simples fato de serem mulheres. Um aumento de 15,6% em relação ao ano anterior. Na capital, o aumento foi ainda mais cruel: 44,4% a mais de mulheres assassinadas.
O que as estatísticas apontam com crueza, os lares paulistas vivem com medo. 7 em cada 10 dessas mortes ocorreram dentro de casa, muitas vezes na frente dos filhos, em quartos e cozinhas onde antes se preparava o café da manhã. E quando a morte não chega, a tentativa de feminicídio bate à porta: 655 mulheres sobreviveram por pouco, um aumento de mais de 50% nas tentativas em um único ano.
Os instrumentos do crime? Facas, armas, força bruta. O corpo feminino virou campo de batalha.
E o estado? Reduz verba para políticas públicas para mulheres em inacreditáveis 99,75%, como se a vida delas fosse detalhe de rodapé em orçamento. Quando o poder público fecha os olhos, o agressor se sente ainda mais à vontade para atacar.
A pesquisadora Malu Pinheiro grita por medidas óbvias: mais delegacias da mulher, mais acolhimento, mais prevenção. Mas quem ouve? Quem executa? Quem age antes que o próximo nome vire estatística?
De Sorocaba a São José do Rio Preto, passando pela capital, a violência cresce, espalha-se e mata. As mulheres estão morrendo enquanto a sociedade continua com discursos mornos e ações insuficientes. Não é só uma reportagem. É um chamado à consciência. É um basta que precisa sair do papel e invadir as ruas, as leis, as casas, as conversas de bar e as reuniões de gabinete.
A pergunta que fica é uma só: quantas mais precisarão morrer para que São Paulo, o Brasil e cada um de nós pare de tratar o feminicídio como uma triste coincidência e passe a enfrentá-lo como a emergência nacional que ele é?