O PREÇO DA MATERNIDADE PRECOCE NA AMÉRICA LATINA
A cada 20 segundos, uma adolescente dá à luz a uma criança na América Latina e no Caribe. E a gente aqui, no meio dessa bagunça, sem perceber que a conta desse problema não é apenas social, mas também econômica: US$ 15,3 bilhões por ano, em 15 países da região. Um buraco no PIB que poderia estar sendo investido em educação, saúde ou desenvolvimento. Mas não. Estamos gastando para tentar remediar um problema que já deveria ter sido prevenido.
Quem paga essa conta? Em sua maioria, as próprias adolescentes.
O Estado, que deveria estar garantindo informação, prevenção e suporte, arca com uma parte irrisória: 1,8 bilhão de dólares por ano. Mas para cada dólar investido na prevenção da gravidez na adolescência, o retorno pode chegar a US$ 40, dependendo do país. Isso não é caridade, é economia básica.
Os números são assustadores. Uma adolescente que tem filho antes dos 15 anos tem muito menos chance de estudar, se qualificar, conseguir um bom emprego. Em contrapartida, quem se torna mãe depois dos 20 tem até três vezes mais possibilidade de chegar ao ensino superior. Isso se traduz em diferença salarial, autonomia e possibilidade de saída do ciclo de pobreza que castiga tantas famílias na região.
O problema tem cor, tem classe social e tem histórico.
Adolescentes negras, indígenas e de regiões rurais são as que mais enfrentam a gravidez precoce. E não é coincidência. É falta de acesso a serviços de saúde, educação e oportunidades. Jogue aí na mistura o casamento infantil, a violência sexual e a falta de informação sobre saúde reprodutiva, e você tem a receita perfeita para manter as desigualdades como estão.
O que fazer? Alguns países já reduziram a taxa de gravidez na adolescência em 50% com medidas simples, mas eficazes. Educação sexual na escola, acesso a contraceptivos, legislação contra casamentos precoces, participação ativa das adolescentes na formulação de políticas. Parece básico, não? E é. Mas básico é tudo que governos inoperantes têm dificuldade em garantir.
Amigos leitores, concordem ou não, a roda da desigualdade segue girando, esmagando sonhos, oportunidades e futuras gerações. Porque, no fim das contas, não estamos falando só de números e estatísticas. Estamos falando de vidas. De meninas que, ao invés de estarem na escola, estão trocando fraldas. E isso, senhores governantes, é uma tragédia anunciada.