LITERATURA ALTERNATIVA, A VERDADEIRA LITERATURA
Tenho defendido, sempre, o fato de que é através das publicações alternativas, de grupos alternativos, que muitos autores de talento são revelados. Houve época em que existiram muito mais páginas culturais e suplementos literários nos grandes jornais, isto é: havia muito mais espaço para a literatura nos meios de comunicação em massa. Além dos jornais, existiram bons programas na televisão, programas de rádio onde se declamavam poemas, etc.
O tempo foi passando e as páginas foram sumindo, os suplementos foram rareando e o que perdurou, mesmo, foram as publicações alternativas. Até os jomais culturais das imprensas oficiais dos estados sumiram, mesmo sendo custeados com recursos públicos e publicando normalmente os mesmos autores, quase sempre ligados à "cultura oficial"
os mesmos autores, quase sempre ligadosà "cultura oficial".
Há algum tempo existe a internet, um espaço democrático para publicar, mas grande parte do que é publicado lá não passa por seleção nenhuma, então nem tudo é boa literatura. Nas publicações literárias, pelo menos, há um crivo, nem tudo é publicado indiscriminadamente.
Então aplaudo o trabalho da escritora Teresinka Pereira sobre escritores, poetas, artistas e editores altemativos do Brasil, pois é um reconhecimento que eles merecem, por manterem espaços valiosos em prol da divulgação do novo que aparece na arte literária.
Apesar de viver nos Estados Unidos há vários anos, ela mantém contato com grande número de agitadores culturais deste nosso imenso Brasil e sabe o que está acontecendo. E olhar de fora, ter uma vista panorâmica do cenário literário brasileiro estando longe, apenas observando as manifestações culturais, vendo com lucidez e reconhecendo o trabalho desses "heróis na batalha contra a ignorância, a inaptidão e a indiferença da política do governo" é, no mínimo, meritório,
Ela percebe que as revistas e jornais alternativos, publicados por pessoas ou grupos ligados cultura , mas que não têrn nenhum apoio da "cultura oficial", são na verdade aqueles que dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira.
E reconhece o valor destes abnegados e faz uma lista das publicações brasileiras existentes, num trabalho completo, dando, inclusive os endereços.
Transcrevo um trecho do artigo da escritora, com o qual não é preciso dizer mais nada: “Aos leitores de colunas literárias, dos suplementos e das revistas que contém poesia e artigos de literatura, não é necessário lembrar a importância dos mesmos.
Embora nos países capitalistas sempre se fale de liberdade de imprensa e de pensamento, o que vemos é sempre o contrário do que dizem. O governo quase não faz investimentos na literatura porque diz que os escritores sempre pertencem à esquerda radical ou são anarquistas e usam a pena para falar mal dos políticos eleitos. E mesmo que assim não fosse, não há ajuda para publicações literárias.”
Nós do Grupo Literário A Ilha sabemos bem disso, nunca conseguimos sequer uma sala para nos reunirmos, mas acabamos de completando 45 anos de atividades no mês de junho, sempre abrindo espaços para os novos e também para os não novos, E somos alternativos e independentes, sim, com muito orgulho. Nunca tivemos que escrever sob encomenda ou muito menos que modificar nossos textos. por causa de censura de órgãos públicos, como já aconteceu em outros grupos dos quais participamos e que tinham vínculo com a cultura oficial.
Somos o registro da literatura contemporânea, mês a mês, ano a ano, mas a literatura real que está sendo produzida, a verdadeira literatura catarinense e brasileira.