Corumbá, Sábado, 19 de Abril de 2025
Rosildo Barcellos

Dom Quixote Pantaneiro

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Rosildo Barcellos

I. “A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida .”

II. “Entre os pecados maiores que os homens cometem, ainda que alguns digam que é a soberba, eu digo que é a falta de agradecimento.”

 Nós sonhamos o tempo todo. Sonhamos por uma casa, por um carro, por um objetivo, por uma pessoa para nos acompanhar, namorar ou se possível, por um amor. O alcance das coisas que sonhamos só será possível se vivermos esse sonho. Dom Quixote sonhava em tornar o mundo um lugar melhor, o que levou as pessoas ao seu redor o chamarem de louco.  Ora, isto é um exemplo claro da vida. Ao tentarmos realizar nossos sonhos, muitas vezes somos chamados de loucos e esquisitos e muitos de nós acabamos por não realizar. Dom Quixote nos ensina que o alcance dos nossos sonhos só é possível quando, ao acordarmos, nos movemos para os realizarmos, mesmo que sejamos vistos de uma forma indigesta, pois quando tudo se resolver, (e com a sua ajuda) as mesmas pessoas que nos chamavam de loucos, olharão para nós como exemplos de vontade, inteligência e persistência. 

Um dos aspectos que nos apaixona na obra “Don Quixote” (publicado em 1605) é, definitivamente, o diálogo de Dom Quixote com seu escudeiro Sancho Pança, assim como os diálogos dos outros personagens da história. Nestes diálogos nos damos conta da humanidade destes personagens; Miguel de Cervantes esteve a frente de seu tempo, neste aspecto da sua obra. Dom Quixote e Sancho Pança dialogavam sobre suas aventuras; dialogavam sobre o que deviam fazer e o que não deviam fazer; dialogavam sobre como resolver os dilemas em que se metiam; dialogavam sobre suas conquistas; enfim, dialogavam sobre a vida. Dom Quixote e Sancho Pança nos mostram como o diálogo é fundamental para um mundo melhor; nos ensinam que é só através do diálogo que podemos resolver os dilemas que diariamente a vida nos impõe. 

Por isso posso afirmar que ler a obra Dom Quixote de La Mancha é mergulhar em nossa humanidade. As histórias desse “herói “fazem-nos pensar a vida e despertam a nossa vontade de lutarmos por um mundo melhor; um mundo mais justo, mais livre e mais humano, com as oportunidades para quem quer ser diferente e sobressair. Os diálogos contidos no livro são reflexos de vidas que já vivemos. Cada aventura contada é uma embarcação em nós mesmos, levando-nos a lutarmos contra os nossos preconceitos, o nosso orgulho e vaidade. Dom Quixote nos ensina que a vida é perfeita do jeito que é; e que, com vontade, dignidade, perseverança e pessoas certas ao nosso lado – como seu amigo Sancho Pança –, podemos de alguma maneira, mudar o mundo que pertencemos. e descobrir a essência de “Ser Humano.” sem o amor de Dulcinéia. Ou tentar ser como eu: mais um Dom Quixote Pantaneiro.
                           *Articulista

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