ÑANDE YPYKUERA ÑE’ENGUE
Narciso passou boa parte de sua vida como telegrafista da Ferrovia Central do Paraguai. Essa profissão o levou a ocupar cargos semelhantes em Buenos Aires, a partir de 1897. Ao retornar ao Paraguai em 1901, serviu na administração nacional por quase 30 anos. Ele é juiz em diversas localidades e, mais tarde, chefe do telégrafo nacional.
Em seguida o escritor conhece Moisés Bertoni, Agustín Barrios, Emiliano R. Fernández, e inicia seu trabalho de articulista do Ateneu Paraguaio, instituição que atualmente abriga uma biblioteca pessoal com manuscritos originais. No campo literário, Rosicrán lançou sua primeira coletânea de poemas, Ocára Poty, em 1917. Ele lançou um segundo volume desta antologia em 1921.Publicou também diversos volumes de provérbios e contos em guarani, como Kavaju sakuape (1930), Ñe’ênga Rovy (1934), Ñandeyára ñe’ê poravopyre (1935). Em 1950, em uma homenagem oferecida ao escritor por seus conterrâneos de Ybytymí, ele apresentou sua última obra, Oferendas laureas, que reúne alguns de seus poemas. O autor presenteou cópias desta obra aos seus amigos. Com o tempo, isso o fez contrair tantas dívidas que ele teve que vender sua casa de dois andares em Punta Carapã, localizada em frente à casa de José Asunción Flores.
Vislumbro que a contribuição do excelso Poeta Narciso Ramón consiste no registro textual da tradição guarani, uma língua caracterizada pela oralidade. Urge ressaltar que Ñande ypy cuéra, uma obra de cerca de 2.800 versos, inclui um estudo etimológico dos nomes, mitos e vozes usados pelo autor. “Antes de Ñande ypy cuéra ser escrita, já se falava de mitos guaranis, como Teju Jagua, Jasy Jateré, Moñái, Kurupí, Luisón. O poeta Narciso R. Colmán (1876-1954) nasceu no pós-guerra de 1970 e viveu as turbulentas revoluções liberais. Com sua obra Ñande ypycuéra despertou o interesse pelo estudo das origens da cultura guarani. Isto posto, vejo como gratificante e honroso, por demais, este articulista, receber um prêmio em tributo a Narciso Ramón Colman, poeta paraguaio cuja obra recolhe lendas nativas e temas religiosos. O poema de minha lavra: “O Encontro” foi vertido para a língua guarani, E se tornou “Pe aty guassu” por iniciativa retórica do Núcleo de Artes, Ciencias y Letras de Asunción, Paraguay, com apoio da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia/RJ e foi incluído na antologia Che Ava Guarani - fato que muito enobrece minha trajetória literária internacional. É consabido que as honras da Academia materializa-se nos momentos de aposição, no peito de cidadãos brasileiros de alta distinção, medalhas que reconhecem cada um desses, de acordo com sua atuação cultural, social e profissional. Outrossim, este mesmo poema, em placa, estará afixado no átrio da Praça do Trevo, a ser inaugurada em Anastácio/MS no próximo dia 12 de maio, fazendo parte do calendário de eventos do aniversário de emancipação do sobredito município.
*Articulista