PRINCESA DOS ERVAIS

Historicamente, desde 1914 a via ferroviária foi ganhando espaço no sul do Estado, aumentando as relações com a região sudeste, além de fazer surgir um novo centro econômico no Estado: a nossa hoje capital, Campo Grande. No entanto, mesmo com a presença da ferrovia, a região das fronteiras de Mato Grosso com o Paraguai continuava a gerar preocupações para os governos brasileiros, os quais viam como questão a resolver, principalmente, dois fatos, ambos relacionados à economia ervateira, a saber: a Companhia Mate Laranjeira era controlada por capitais argentinos e, ao empregar grande número de trabalhadores estrangeiros, promovia a “desnacionalização” da região – onde, por exemplo, o uso dos idiomas Espanhol e Guarani suplantava o da língua portuguesa. Foi nesse contexto que, em 1938, o presidente Getúlio Vargas lançou sua campanha Marcha para Oeste, visando à integração territorial do país, até que foi criado pelo Decreto-lei n.° 5 812, de 13 de setembro de 1943, do governo de Getúlio Vargas. Além dele o governo desmembrou ainda, outros cinco territórios estratégicos de fronteira no país, para administrá-los diretamente. Os relatos históricos ensinam que “o Território de Ponta Porã foi constituído por sete municípios desmembrado do sul de Mato Grosso, são eles: Bela Vista, Dourados, Maracaju, Miranda, Nioaque, Ponta Porã e Porto Murtinho.
Em que pese, Ponta Porã foi capital do Território Federal, entre setembro de 1943 a maio de 1944, sendo posteriormente transferido o centro-administrativo para Maracaju.
No entanto, a sede administrativa volta a ser Ponta Porã, por força do Decreto-lei n° 9.380, de 18 de junho de 1946. O Coronel Ramiro Noronha foi o primeiro Governador do Território Federal de Ponta Porã, tendo sido nomeado em Janeiro de 1944. Com a deposição de Vargas, Noronha exonerou-se em novembro de 1945 e o cargo foi assumido interinamente por Leônidas Horta, diretor da Divisão de Educação e Cultura.
Ainda no mês de novembro o Major José Guiomar dos Santos, foi nomeado para substituir. A criação do Território havia proporcionado aos habitantes da região um ambiente de esperança e otimismo que se espalhou por toda a área. Na época se vivia uma preocupação pela falta de recursos com que pudessem levar adiante os trabalhos de “desbravamento” da região sul de Mato Grosso, sendo que o motivo principal das dificuldades eram os arrendamentos feitos pelo estado à Companhia Mate Laranjeira.
O lado negativo da questão é que, quando o Território foi extinto em 18 de setembro de 1946 pela Constituição e reincorporado ao então estado de Mato Grosso, apesar de ter sido criada a Colônia Nacional de Dourados, na prática os trabalhos de demarcação haviam avançado pouco. Ressalto ainda que, o conhecimento da história do Território é extremamente relevante não apenas no contexto regional/local, como também no contexto nacional, haja vista, que ele fez parte de uma política de “Estado”, e que teve diversas implicações nacionais e mesmo internacionais, por se tratar de uma área de fronteira. Conhecida como Princesinha dos Ervais, em virtude da sua importância comercial no auge da exploração da erva-mate e da exportação da folha de chá para todo o mundo. Foi no dia 18 de julho de 1912 que Ponta Porã, então distrito de Bela Vista, foi elevada à condição de município, coroando uma história que começou a ser escrita em 1872, após o fim da Guerra da Tríplice Aliança, quando foi demarcada como fronteira entre Brasil e Paraguai. Bem antes disso, nos idos de 1777, uma expedição militar brasileira chegou à região que era habitada apenas por índios Nhandevas e Kaiwás. * Articulista
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