Corumbá, Sábado, 19 de Abril de 2025
Rosildo Barcellos

PRINCESA DOS ERVAIS

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Rosildo Barcellos
Sessão Solene em homenagem aos 80 anos de criação do Território Federal de Ponta Porã, promovida pela Câmara Municipal de Ponta Porã em 14 de setembro.

Historicamente, desde 1914 a via ferroviária foi ganhando espaço no sul do Estado, aumentando as relações com a região sudeste, além de fazer surgir um novo centro econômico no Estado: a nossa hoje capital, Campo Grande. No entanto, mesmo com a presença da ferrovia,  a região das fronteiras de Mato Grosso com o Paraguai continuava a gerar preocupações para os governos brasileiros, os quais viam como questão a resolver, principalmente, dois fatos, ambos relacionados à economia ervateira, a saber: a Companhia Mate Laranjeira era controlada por capitais argentinos e, ao empregar grande número de trabalhadores estrangeiros, promovia a “desnacionalização” da região – onde, por exemplo, o uso dos idiomas Espanhol e Guarani suplantava o da língua portuguesa. Foi nesse contexto que, em 1938, o presidente Getúlio Vargas lançou sua campanha Marcha para Oeste, visando à integração territorial do país, até que foi criado pelo Decreto-lei n.° 5 812, de 13 de setembro de 1943, do governo de  Getúlio Vargas.  Além dele o governo desmembrou ainda, outros cinco territórios estratégicos de fronteira no país, para administrá-los diretamente. Os relatos históricos ensinam que “o Território de Ponta Porã foi constituído por sete municípios desmembrado do sul de Mato Grosso, são eles: Bela Vista, Dourados, Maracaju, Miranda, Nioaque, Ponta Porã e Porto Murtinho.

Em que pese, Ponta Porã foi capital do Território Federal, entre setembro de 1943 a maio de 1944, sendo posteriormente transferido o centro-administrativo para Maracaju.

No entanto, a sede administrativa volta a ser Ponta Porã, por força do Decreto-lei n° 9.380, de 18 de junho de 1946. O Coronel Ramiro Noronha foi o primeiro Governador do Território Federal de Ponta Porã, tendo sido nomeado em Janeiro de 1944. Com a deposição de Vargas, Noronha exonerou-se em novembro de 1945 e o cargo foi assumido interinamente por Leônidas Horta, diretor da Divisão de Educação e Cultura.

Ainda no mês de novembro o Major José Guiomar dos Santos, foi nomeado para substituir. A criação do Território havia proporcionado aos habitantes da região um ambiente de esperança e otimismo que se espalhou por toda a área. Na época se vivia uma preocupação  pela falta de recursos com que pudessem levar adiante os trabalhos de “desbravamento” da região sul de Mato Grosso, sendo que o motivo principal das dificuldades eram os arrendamentos feitos pelo estado à Companhia Mate Laranjeira.

O lado negativo da questão é que, quando o Território foi extinto em 18 de setembro de 1946 pela Constituição e reincorporado ao então estado de Mato Grosso, apesar de ter sido criada a Colônia Nacional de Dourados, na prática os trabalhos de demarcação haviam avançado pouco. Ressalto ainda que, o conhecimento da história do Território é extremamente relevante não apenas no contexto regional/local, como também no contexto nacional, haja vista, que ele fez parte de uma política de “Estado”, e que teve diversas implicações nacionais e mesmo internacionais, por se tratar de uma área de fronteira. Conhecida como Princesinha dos Ervais, em virtude da sua importância comercial no auge da exploração da erva-mate e da exportação da folha de chá para todo o mundo. Foi no dia 18 de julho de 1912 que Ponta Porã, então distrito de Bela Vista, foi elevada à condição de município, coroando uma história que começou a ser escrita em 1872, após o fim da Guerra da Tríplice Aliança, quando foi demarcada como fronteira entre Brasil e Paraguai. Bem antes disso, nos idos de 1777, uma expedição militar brasileira chegou à região que era habitada apenas por índios Nhandevas e Kaiwás. * Articulista

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