UM MOMENTO PARADO NO TEMPO
Essa atividade é tão diferente pois consegue aliar criatividade a uma natural e aguçada sensibilidade tátil, que foi o ponto de partida para o desenvolvimento do ofício, cuja nomenclatura foi sugerida por abarcar um gesto incomum no exercício da profissão, isto é, o teste que se faz para verificar de que lado está a emulsão de uma chapa, filme ou papel sensível. Para evitar o erro de colocar a chapa com a emulsão voltada para o fundo do chassis o que deixaria fora do plano focal e portanto com falta de nitidez, costumava-se molhar com saliva a ponta do indicador e do polegar e fazer pressão com esses dois dedos sobre a superfície do material sensível num dos cantos para evitar manchas.
Não podemos deixar que esses verdadeiros artistas sejam esquecidos em nossa memória e não podemos apenas contemplar as imagens desses “desconhecidos íntimos” e apenas guardar em nossa gaveta do passado, devemos, sim, lembrar que das milhares de fotografias esmaecidas produzidas pelos lambe-lambes e que hoje estão esquecidas ou desprezadas em velhas caixas; que cada uma delas representam os fios que tecem a história de sua família, de sua juventude, de sua cidade e por fim da sua vida. E quando estamos em uma fotografia, devemos ter a certeza de que quando ela estiver pronta não podemos enxergar apenas com os olhos; pois necessitamos amiúde do auxílio da alma, pois quando olharmos uma foto com a alma deixamos de ser pessoas para sermos, lágrima, sorriso, história e elementos do cenário da vida. Diante disto resta-me exaltar a importância da fotografia como fator gerador de registros de instantes e momentos; dos liames da vida e precipuamente dos sentimentos que nos permeiam.
*Articulista
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