Pontão Moinho Cultural reúne lideranças para debater a educação e cultura na fronteira
A ação reforça o papel do Pontão como articulador de escuta, valorização dos saberes locais e formulação de políticas públicas para os territórios de fronteira entre o Brasil e a Bolívia.
O evento propôs um espaço de construção coletiva com o objetivo de formatar o desenho metodológico para o Programa de Formação Cultural e Educacional Transfronteiriço, contando com a presença do consultor da OEI (Organização de Estados Ibero-Americanos), Ricardo Almeida, que abordou a importância da valorização dos saberes e das identidades culturais locais.
Durante o encontro, um dos pontos centrais foi a apresentação da proposta de questionário que visa levantar indicadores sobre a realidade cultural da fronteira, com o objetivo de subsidiar políticas públicas mais alinhadas às especificidades do território. A gerente de eventos e difusão cultural da Fundação da Cultura de Corumbá, Marcelle Saboya, destacou a importância de transformar esse mapeamento em ferramenta efetiva de visibilidade para a região.
Outro momento marcante do evento foi a reflexão sobre a construção da identidade fronteiriça em Corumbá, um tema que tem mobilizado agentes culturais da região. Para o diretor cultural do Centro Boliviano de Corumbá, Arturo Castedo Ardaya, é urgente que a população local reconheça sua condição fronteiriça como parte da própria identidade cultural e territorial.
“O corumbaense não se considera fronteiriço. A imprensa e muitos autores ainda enxergam Corumbá como pantaneira ou cultural, mas não como uma cidade de fronteira. Isso precisa mudar. Eu me reconheço como brasileiro, latino-americano, sul-mato-grossense, pantaneiro e fronteiriço. E é isso que tenho buscado afirmar por meio de projetos como a Saltenha Fest, que representam essa integração entre Brasil e Bolívia”, disse.
O auditório do Moinho Cultural também recebeu o lançamento oficial do Comitê Pró-UFPantanal, movimento pela criação da Universidade Federal do Pantanal, uma proposta que vem ganhando força junto à sociedade civil e ao Ministério da Cultura.
Em sua fala, Tião Soares, da Diretoria de Promoção das Culturas Populares do MinC, reforçou o papel das universidades na formulação de políticas culturais voltadas às realidades fronteiriças. “Precisamos entender e construir, junto com a sociedade civil, uma universidade autônoma que contribua com a geração de conhecimento, pensamento crítico — uma universidade federal do Pantanal”, pontuou.
O professor Hélvio Rech, líder do movimento em prol da criação da Universidade Federal do Pantanal, completa. “O fomento à cultura como atividade que emprega as pessoas, que distribui renda e cria a liga fundamental da cultura de um povo, de uma nação, de um continente, consegui encontrar aqui no Moinho. Nesse ponto, acho que se aproxima do debate que nós estamos fazendo em torno da criação da Universidade Federal do Pantanal. Quero agradecer publicamente o apoio do Moinho ao nosso movimento, acho que não só a sua integração, mas a bagagem que o Moinho vem acumulando ao longo desses 20 anos de trabalho, espero que isso ajude a enriquecer o nosso debate”, afirmou.
O público contou ainda com a apresentação do projeto Bossa Livre, uma experiência musical única com o projeto Diálogos Musicais Ibermúsicas, que conecta o Brasil à Europa por meio da música.
“Foi um concerto maravilhoso com a Orquestra de Câmara do Pantanal, dos nossos queridos parceiros e amigos do mundo cultural sul-americano. Um encontro da música barroca europeia com a música barroca sul-americana. Para nós, isso é uma coisa única, e quisemos mesmo dividir com vocês”, completou Norberto.
O evento é uma ação contemplada pelo EDITAL DE SELEÇÃO PÚBLICA MINC - Nº 9, DE 31 DE AGOSTO DE 2023 – CULTURA VIVA, política de base comunitária que vem reconstruindo os vínculos sociais e territoriais por meio da cultura.
Sobre o Pontão Moinho Cultural
Reconhecido como Pontão de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul, o Moinho Cultural amplia seu impacto social levando formação, arte e reflexão a territórios fronteiriços. A iniciativa “Unindo os Pontos” propõe o fortalecimento de redes culturais com base na escuta, cooperação e valorização dos saberes locais.
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