Projeto Vémo’um retrata cotidiano e histórias da Aldeia Urbana Marçal de Souza em curta documentário
Com financiamento da Lei Paulo Gustavo, o documentário Vémo’um significa Nossa Voz na língua Terena. A obra deverá ser lançada em 19 de abril do próximo ano, data em que se celebra o Dia Nacional dos Povos Indígenas.

A cultura indígena e a inclusão digital ganham um novo fôlego com o Projeto Vémo’um, Nossa Voz, na língua Terena, que está mexendo com a rotina da Aldeia Urbana Marçal de Souza, em Campo Grande. O projeto, idealizado pela gestora cultural Maria Auxiliadora Bezerra e pela atriz Thaís Umar, realizou filmagens que culminarão em um curta-metragem documentário, além da realização de oficinas de cinema e fotografia, com moradores da comunidade. Com 15 minutos de duração, o lançamento do documentário está previsto para 19 de abril do próximo ano em celebração ao Dia Nacional dos Povos Indígenas.
A primeira parte do documentário foi gravada recentemente nos dias 14 e 15 de dezembro e contou com depoimentos de 8 moradores da comunidade, representando diferentes fases da vida - idades. "A gente já gravou a primeira parte do documentário. Agora, faremos filmagens de alguns detalhes apenas e partir para a edição”, explica Thaís que acompanhou as gravações e pode acompanhar a dedicação dos moradores. “Dentro e fora da cena, vi o empenho de cada um. Pudemos contar como trazem relatos muito potentes sobre a vivência na aldeia, em temas como identidade, memórias e os desafios de ser indígena em um contexto urbano”.
O documentário aborda temas como identidade indígena urbana, a importância das línguas nativas, a inclusão no mercado de trabalho artístico e o papel das mulheres artesãs. Inclusive, alunos que estiveram nas oficinas puderam participar também do set de gravações para ver na prática o conhecimento estudado. Uma das alunas da oficina, Sâmara Figueiredo, foi selecionada para executar a função de entrevistadora diante das câmeras. "Foi uma honra ser convidada para ser entrevistadora. É mais um desafio superado".
“As oficinas vieram como um complemento para valorizar a cultura indígena e ampliar a voz das comunidades. Então, os cursos vieram para agregar conhecimento em audiovisual a adolescentes e adultos, proporcionando noções de filmagem, fotografia e edição que podem ser aplicadas em projetos futuros”, destaca Thaís.
O Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena, um ponto simbólico para a comunidade, é parte central do curta, evidenciando a riqueza cultural e histórica da região.
A gestora do espaço cultural, Maria Auxiliadora Bezerra, conta que a iniciativa nasceu de uma preocupação com os jovens da aldeia. “A ideia surgiu de uma conversa com a Thaís por conta de uma preocupação minha enquanto mãe e mulher, especialmente com a juventude. Vivemos em uma realidade onde o mundo virtual é muito presente para eles. Queremos ressaltar a importância da ocupação desse espaço digital pelos jovens, que têm aptidão e precisam ocupar esse lugar. O projeto é também uma forma de dar voz à comunidade, com cerca de 80 jovens vivendo na aldeia”.
As oficinas foram uma experiência enriquecedora para os participantes, como destaca Kauê B. Escobar, jovem da comunidade: “Eu já fiz alguns trabalhos como campanhas, casamentos e aniversários, mas ainda estou no início na fotografia e edição. Aprendi técnicas como enquadramento e troquei experiências com os colegas. Isso soma muito para mim”.
Já o ator Breno Moroni, roteirista e preparador de elenco do curta, ressalta o impacto do projeto na formação de novos artistas e no fortalecimento da cultura indígena. “O puramente artístico é colocar o indígena como músico, ator, cinegrafista. A ideia é fomentar artistas e não apenas consumidores de arte. Além disso, o audiovisual é uma poderosa ferramenta de denúncia e documentação. Ensinamos o básico das funções no cinema – direção, captação de som – para que cada um descubra sua melhor função”.
Vémo’um é financiado pela Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura (MinC), Governo Federal, por meio de edital via Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Setesc, Governo do Estado. A iniciativa reafirma o compromisso com a valorização da diversidade cultural e deixa um legado de inclusão digital e artística para a comunidade indígena.
O projeto conta com Thaís Umar, diretora e produtora; Breno Moroni, roteirista e preparador de elenco; Antônio Lopes, diretor de fotografia e editor de vídeo; Rodrigo Bezerra, operador de áudio e editor de áudio; Bruno Henrique de Oliveira e Kauhê Escobar, assistentes de filmagem; Sâmara Figueiredo, entrevistadora; Ana Malheiro, maquiadora. Além de convidados: Ana Carla Malheiro, Gerson Jacobina, Giulia Gabriela Rodrigues, Itamar Xunati, Josias Ramires, Jucimara Pereira, Lisio Lili, Maria Auxiliadora Bezerra, Silvana de Albuquerque.
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