Corumbá, Sábado, 19 de Abril de 2025
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Censo do IBGE revela que há 1,3 milhão de quilombolas em 1,7 mil municípios de todo o país

“Quilombo é verbo e adjetivo. É o ar que respiro, é o sangue que corre nas minhas veias. Através do quilombo eu pude ir atrás da minha história e me conectar com a minha ancestralidade”, afirmou o chefe da assessoria de participação social e diversidade do MPO, Anderson Quack.

Pela primeira vez na história, os dados censitários brasileiros incluem a população quilombola. O Censo Demográfico 2022, do IBGE, revela que há 1.327.802 quilombolas em todo o país. A maior parte dessa população, 68,2% (905 mil pessoas), vive em Estados do Nordeste brasileiro. Ao todo, os territórios quilombolas estão em 1.696 municípios.

As informações foram divulgadas hoje em Brasília durante evento “Censo – Quilombola”, realizado no Palácio do Desenvolvimento. O presidente substituto do IBGE, Cimar Azeredo, disse que a taxa de não resposta nas comunidades quilombola ficou abaixo de 1%. “O IBGE está comprometido com a ampliação da visibilidade de povos e comunidades tradicionais nas estatísticas, com foco nas novas operações”, disse ele.

O assessor especial do Ministério do Planejamento e Orçamento, João Villaverde, representou a ministra Simone Tebet no evento. Ele destacou que, assim como os povos indígenas (incorporados no Censo a partir de 1991), os dados censitários da população quilombola passarão a fazer parte de todos os censos futuros. “Há dias de luta, dias de derrotas e há dias de vitórias. Hoje é um dia de vitória. A gente agora sabe quantos territórios quilombolas temos no Brasil. Sabemos qual é o tamanho da população quilombola”, afirmou Villaverde.

Nas próximas semanas, o IBGE divulgará os dados completos de todos os 1,6 milhão de quilombolas: grau de escolaridade, acesso a saneamento, renda, idade.

“Quilombo é verbo e adjetivo. É o ar que respiro, é o sangue que corre nas minhas veias. Através do quilombo eu pude ir atrás da minha história e me conectar com a minha ancestralidade”, afirmou o chefe da assessoria de participação social e diversidade do MPO, Anderson Quack.

Para Roberta Eugênio, secretária executiva do Ministério da Igualdade Racial, a divulgação do Censo Quilombola é uma forma de o país “resolver um pouco a sua história”, em referência ao passado brasileiro, de sufocamento social e político de populações tradicionais. A secretária executiva substituta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Raquel Martins, chamou atenção para a semana em que a divulgação dos dados ocorre: “no último dia 25 celebramos o dia internacional da mulher negra, latino-americana caribenha e da diáspora e o dia de Tereza de Benguela”.

Cesar Aldrighi, presidente do Incra, falou sobre a representatividade do local escolhido para o evento do IBGE: “este é um espaço para debater as questões de reforma agrária, especialmente das comunidades remanescentes de quilombos, que nos últimos quatro anos foram silenciadas”. A representante do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Florbela Fernandes, afirmou que o trabalho do IBGE serve de inspiração e exemplo para outros países da diáspora africana.

Denildo Moraes, coordenador executivo da Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq), reforçou a necessidade de o IBGE realizar a Contagem da População em 2025, seguida do Censo Agro, previsto para 2026.

A divulgação dos primeiros dados da população quilombola abre a temporada de anúncios do IBGE e do Ministério do Planejamento e Orçamento decorrentes do Censo Demográfico. Na próxima semana, entre 31 de julho e 02 de agosto, o IBGE realizará evento para 1,3 mil servidores da casa para a avaliação técnica dos trabalhos. Em seguida, a 7 de agosto, o IBGE, o MPO e o Ministério dos Povos Indígenas estarão em Belém (Pará) para a divulgação do Censo – Terras Indígenas. Até o fim do mês de agosto devem ser divulgados, também, os dados censitários iniciais da população que vive em favelas e comunidades de todo o país.

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