COMO COMEÇOU A LUTA DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL

Se eu disser pra você que nós tivemos décadas de grandes batalhas em todo litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, no mar e em terra, talvez você vai achar que estou exagerando, mas foi exatamente isso que aconteceu. Essa foi a Confederação dos Tamoios, na segunda metade do século XVI, bem no começo da invasão pelos portugueses da América.
Mas o que houve exatamente?
Os portugueses se instalaram na capital em Santos e logo conseguiram fazer aliança com caciques da região do Planalto de Piratininga. O principal deles era o cacique Tibiriçá, da aldeia Inhapuambuçu, que ficava bem onde é hoje o centro da cidade de São Paulo. Por sinal, foi com autorização do cacique Tibiriçá que os jesuítas instalaram o colégio que existe até hoje e é considerado o marco zero da atual metrópole.
O negócio na época, quer dizer, o que dava dinheiro para os fidalgos portugueses era, junto com seus caciques aliados, capturar outros povos indígenas e vendê-los como escravos para os senhores Pernambuco que começavam a plantar cana caiana. Não à toa, o Porto de Santos, na época, era chamado de Porto dos Escravos.
Acontece que quando essa avalanche escravista chegou à atual região do estado do Rio de Janeiro, numa época em que nenhuma cidade ou vila portuguesa havia sido fundada ali, os nativos da região decidiram lutar contra a escravidão. Toda a baía de Guanabara era pontilhada por muitas e muitas aldeias, em grande parte inimigas entre si desde tempos imemoriais. E foi aí que aconteceu algo inédito entre os nativos do nosso país. Antes inimigos viscerais, eles se uniram para lutar contra o inimigo em comum que vinha de São Paulo.
O Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas, celebrado esta semana, relembra o 7 de fevereiro de 1756, quando morreu Sepé Tiaruju, uma liderança dos Sete Povos das Missões. Unidos, eles lutaram contra a divisão das suas terras ancestrais entre portugueses e espanhóis, que cortavam o continente ao seu gosto.
Essa ideia, de que os povos nativos americanos possuem uma identidade em comum, segue até o dia de hoje, depois de séculos, e é base para a luta desses povos por direitos, seja para manter as suas terras, preservar a sua cultura e ir ao encontro dos seus sonhos, como todos os humanos.
Um viva ao Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas.
Nós, brasileiros que não somos indígenas, temos a obrigação moral de conhecer a nossa história e apoiar a luta dos nossos irmãos nativos.
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