IDENTIDADE ENTERRADA: O BRASIL ESTÁ FALHANDO COM PESSOAS TRANS ATÉ NO FIM DA VIDA
Durante sua participação no podcast Espaço Aberto, apresentado por Isabele Miranda, Léo e Rodrigo Almeida, do canal Almeidas Indicam, trouxeram à tona uma pauta delicada e urgente: o desrespeito à identidade de pessoas trans após a morte. O episódio, que viralizou nas redes sociais, teve como ponto de partida os inúmeros relatos que eles têm recebido de seguidores de todo o país.
Muitos desses relatos têm um padrão comum e alarmante: mulheres trans, que em vida não mantinham vínculo com suas famílias biológicas, ao falecerem têm seus corpos devolvidos a esses mesmos familiares, que ignoram a identidade de gênero da falecida. Nomes sociais são apagados, corpos são vestidos com roupas masculinas e lápides carregam nomes que nunca representaram essas pessoas.
“O que temos visto é uma segunda violência. Mesmo depois de uma vida marcada por luta e exclusão, essas mulheres têm sua memória desrespeitada. É como se tentassem apagar quem elas foram”, comenta Rodrigo Almeida durante o programa.
Embora o Brasil tenha leis que garantem o uso do nome social em documentos oficiais, ainda não há uma legislação nacional específica que assegure, de forma clara, o direito à identidade de gênero no momento do sepultamento. Isso tem permitido brechas para que familiares ou instituições apaguem a trajetória de pessoas trans após sua morte.
A discussão levantada pelos Almeidas Indicam ganhou grande repercussão justamente por abordar uma dor que, muitas vezes, permanece invisível. "Recebemos mensagens de pessoas dizendo: ‘isso aconteceu com minha amiga’, ‘isso aconteceu com minha irmã’. É uma ferida aberta que ninguém quer enxergar”, relata Léo Almeida.
O canal Almeidas Indicam é referência nacional na produção de vídeos em cemitérios, onde Léo e Rodrigo exploram espaços históricos para contar histórias, mostrar detalhes da arte tumular e refletir sobre a importância da preservação física e da memória desses lugares. Com sensibilidade e profundidade, eles resgatam o valor simbólico e cultural dos cemitérios como parte viva da história do Brasil.
A pergunta que fica é: até quando pessoas trans terão seus direitos negados, inclusive após a morte? O reconhecimento da identidade de gênero precisa ser garantido em todas as fases da vida, inclusive no momento da despedida. Enquanto isso não for assegurado por lei e respeitado socialmente, essas histórias continuarão a se repetir, em silêncio, em luto e em esquecimento.
Confira o Vídeo: https://www.instagram.com/reel/DKw_5fYxR_L/
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