Corumbá, Sábado, 19 de Abril de 2025
Meio Ambiente

Falta de chuva no Pantanal preocupa pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil

Alerta foi apresentado na 10ª Reunião da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, e segue tendência de 2024.

Imagem: Gustavo Figuerôa/SOS Pantanal  

A escassez de chuvas na Bacia do Rio Paraguai, no Pantanal, preocupa pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e foi o tema central da 10ª Reunião da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai, realizada nesta quinta-feira (21).

O pesquisador e engenheiro hidrólogo do SGB Marcus Suassuna  destacou que, embora os rios apresentem alguns sinais de recuperação, ela tem ocorrido aquém do esperado e o prognóstico de chuvas para o próximo trimestre não é favorável.

“Em Ladário, não se espera que o rio alcance a cota de 4,0 metros, valor característico de uma cheia no Pantanal. Além disso, pode novamente alcançar cotas negativas no segundo semestre. O Rio Miranda, no Mato Grosso do Sul, registra um dos menores volumes para fevereiro em décadas. Já o Rio Cuiabá se mantém próximo da normalidade, reflexo da influência do reservatório da UHE Manso, que regulariza os seus níveis. Em Cáceres e Barra do Bugres, houve elevação dos níveis em janeiro, chegando à cota de alerta em Barra do Bugres, mas a descida foi rápida e, em fevereiro, os volumes já estão com tendência de descida, ainda que dentro da faixa de normalidade”, analisa Suassuna.

Neste mês, o volume acumulado de chuvas na bacia foi de aproximadamente 560 mm, abaixo dos 716 mm esperados para o período. Para reverter a situação, seria necessário um aumento expressivo das precipitações, mas as projeções para o próximo trimestre não são favoráveis. A estiagem do ano passado, somada ao prognóstico desfavorável de chuvas, indica que os desafios hídricos da bacia devem persistir no ano de 2025, com potenciais impactos ambientais e socioeconômicos significativos.

Anos anteriores
Em 2024, o nível mínimo alcançado por Ladário (MS) foi a cota de -69 cm. Em Porto Murtinho (MS), a cota foi de 53 m.  Em Barra do Bugres o rio também atingiu o nível mínimo histórico de 22 cm enquanto em Cáceres, o segundo nível mais baixo do histórico foi observado, 27 cm.

De acordo com o pesquisador, os reflexos da falta de chuva podem seguir a mesma tendência de anos de secas extremas, tais como 2020, 2021 e 2024. “Na navegação, o baixo nível do rio em 2024 afetou diretamente a movimentação de embarcações de maior calado, que enfrentaram dificuldades para transpor trechos críticos. No setor de saneamento, a redução dos níveis de água dificultou a captação no município de Corumbá, exigindo a instalação de bombas flutuantes para manter o abastecimento regular”, pontua.

O impacto ambiental também preocupa. “A diminuição do fluxo de água pode intensificar a degradação dos habitats aquáticos e aumentar a concentração de nutrientes, elevando o risco de ocorrência da Decoada — fenômeno que provoca alta mortandade de peixes nos rios do Pantanal”, alerta Suassuna.

O evento teve a participação de representantes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que reforçaram a preocupação com cenário hidrológico da região.

Veja os gráficos aqui.

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