Mesmo após chuvas na Bacia do Rio Paraguai, cotas seguem abaixo da média
Dados são apresentados no novo boletim de monitoramento hidrológico do Serviço Geológico do Brasil, divulgado nesta quarta-feira (14).

As chuvas na Bacia do Rio Paraguai, na última semana, não foram suficientes para amenizar a crise hídrica na região, que engloba o bioma do Pantanal nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De acordo com o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), todos os rios estão com níveis abaixo do normal para este período do ano, exceto os rios Cuiabá e Aquidauana – em razão da operação da Usina Hidrelétrica Manso. Os dados constam em boletim de monitoramento hidrológico divulgado nesta quarta-feira (14).
“Estimativas de chuvas indicam acumulados de 12 mm na bacia, na última semana, mais do que era previsto pelos modelos prognósticos, mas não houve resposta dos rios ainda. As nossas projeções indicam que o nível no Rio Paraguai pode chegar a níveis bem baixos neste ano. Ladário (MS), estação de referência, já está perto da cota negativa em Ladário”, explica o pesquisador em geociências Marcus Suassuna.
Em uma semana, o nível do rio baixou 19 cm em Ladário e chegou à marca de 16 cm nesta quarta (14), enquanto o esperado seria de 3,98 m. O recorde na bacia foi registrado em 1964, quando o Rio Paraguai chegou à cota de -61 cm. A segunda cota mais baixa da história, de -60 cm, ocorreu em 2021.
O Rio Paraguai já chegou a cotas negativas no município de Corumbá (MS). Na estação do Forte Coimbra, a cota é de -107 cm, sendo a mediana de 3,55 m. Em Porto Esperança, a marca atual é de -59 cm. No município de Aquidauana (MS), a última cota observada foi de 1,84 m – a média é 2,56 m. Em Barra do Bugres (MT), a cota é de 39 cm, quando o esperado seria de 68 cm. Em Cáceres (MT), o rio está na marca de 49 cm, sendo a média histórica de 1,56 m.
As cotas representam valores associados a uma referência de nível local e arbitrária, válida para as réguas linimétricas específicas de cada estação.
Desde fevereiro, o SGB alerta para o cenário de seca no Pantanal, em decorrência do déficit de chuvas na região. Além de realizar o monitoramento, o SGB também apoia os municípios com o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), em períodos de crises hídricas. O SIAGAS é um repositório de poços perfurados no Brasil, e sua base tem mais de 371 mil poços cadastrados, com 14 mil poços na Região Centro-Oeste. Disponível para consulta pública, apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo, permite que sejam identificados poços dos quais seja possível extrair água para uso doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades.
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