Corumbá quer ser porta de entrada para Pacífico com volta da Malha Oeste
Operacionalidade de uma rota ferroviária até portos do Chile será defendida em audiências públicas.

A relicitação da Malha Oeste pode consolidar Corumbá como porta de entrada do mercado externo brasileiro para o Oceano Pacífico. É o que defendem representantes do município escalados para participar das audiências públicas que vão colher sugestões e contribuições ao projeto de resgate da linha férrea, que liga a região pantaneira à Mairinque, em São Paulo.
A primeira de duas audiências agendadas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) será no próximo dia 26 de abril, em Campo Grande. A segunda será em Brasília (DF), no dia 3 de maio, em formato híbrido - ou seja, presencial e virtual.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Cássio Augusto da Costa Marques, o estudo de viabilidade da relicitação da Malha Oeste não evidencia a possibilidade de chegar até o Pacífico pela conexão da Malha Oeste com a malha ferroviária já existente na Bolívia e na Argentina.
“Ele está muito baseado no que você tem para escoar de produção para dentro do território nacional. Na nossa visão, se você conseguir mostrar a Malha Oeste como acesso aos portos do Pacífico, no norte do Chile, isso traria mais atratividade ao projeto”, aponta.
Escolhido para representar a Câmara Municipal de Corumbá nas audiências, o vereador Manoel Rodrigues (Republicanos) compartilha da ideia. Segundo ele, já existem empresas estrangeiras procurando Corumbá e se interessando na relicitação da Malha Oeste.
“Corumbá vai se tornar, com a Malha Oeste, a porta de entrada para o Pacífico. Então, a gente tem que preparar a cidade para essa infraestrutura. A Malha Oeste é uma das únicas que já está com a licença ambiental pronta. Ela só precisa ser revitalizada. Nós temos volume econômico que dá condições de cobrir os investimentos que serão feitos”, afirma.
Hoje, conforme estimativas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, 70% da produção de minério de ferro e manganês da região é escoada em barcaças pela hidrovia Paraguai-Paraná. O restante, destinado ao mercado interno, é transportado via rodovia.
Rota Bioceânica também mira atalho até portos chilenos
Encontrar uma alternativa logística que leve a produção nacional até os portos chilenos é também o desafio da chamada Rota Bioceânica, que, por sua vez, aposta no modal rodoviário. O elo que falta é a construção da ponte que vai ligar Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai.
“Hoje você tem o foco em uma rota rodoviária, sendo que uma rota ferroviária já existe. Ela não tem uma capacidade de transporte tão grande, e seriam necessários ajustes e investimentos”, explica Costa Marques. Já Rodrigues lembra que a ferrovia do lado boliviano tem a mesma bitola da Malha Oeste, de uma polegada.
Depois de realizadas as audiências públicas, o processo de relicitação da Malha Oeste segue para análise do TCU (Tribunal de Contas da União). Em caso de sinal verde, é publicado o edital, seguido pelo leilão e, enfim, assinatura do contrato de concessão.
Hoje, os 1.973 quilômetros de extensão da Malha Oeste são administrados pela Rumo Logística. Está em vigor o terceiro termo aditivo do contrato, com prazo até 2025 ou até que uma nova empresa assuma o trecho.
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