Corumbá, Segunda, 09 de Junho de 2025
Política

O TARIFAÇO DE TRUMP

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Wilson Pedroso

Donald Trump venceu as eleições nos Estados Unidos sob a bandeira flamejante do nacionalismo. Durante a campanha, fez promessas de instituir políticas radicais de protecionismo à América, o que inclui especialmente a área econômica. Poucos dias após assumir o cargo de presidente, ele já deu mostras de que não está para brincadeira.

Um dos primeiros passos de Trump à frente da Casa Branca foi colocar em prática o programa de deportação em massa de imigrantes ilegais e refugiados, provenientes especialmente de países como Guatemala, Honduras, México, Venezuela, China e Brasil, entre outros. As condições com que as deportações estão sendo realizadas chamam a atenção do mundo todo. O tratamento aos deportados é simbólico e um recado de como o Governo dos Estados Unidos conduzirá as relações com as demais nações do mundo.

Paralelamente à onda de deportações, Trump tem atuado com mão firme para proteger a economia americana. Ele impôs, por exemplo, tarifa de 10% sobre todos os produtos chineses importados e anunciou 25% sobre importações mexicanas e canadenses.

Em outra medida de grande repercussão, no dia 10 de fevereiro, Trump oficializou a taxação de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio ao país. "A nossa nação precisa que aço e alumínio sejam produzidos nos Estados Unidos, não em terras estrangeiras”, disse o presidente norte-americano.

A decisão afeta diretamente o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. Quase metade das exportações brasileiras de aço são destinadas à indústria americana. Porém, a partir de 12 de março, quando a nova medida tarifária entrará em vigor, perderemos competitividade e esse cenário poderá mudar.

*Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral com MBA nas áreas de Gestão e Marketing

Analistas econômicos temem que, em razão da possível queda nas exportações, pode haver forte desvalorização do real frente ao dólar. Em minha opinião, tudo vai depender da forma como o Brasil vai reagir ao tarifaço.

A China fez retaliações aos anúncios de Trump, com imposição de tarifas a produtos americanos e inclusão de empresas com sede nos EUA na lista de não confiáveis; o que abriu espaço para o que os economistas já chamam de guerra comercial entre os dois países. A União Europeia também deu mostras de que pretende reagir às tarifas, caso elas venham a prejudicar os interesses do bloco.

Toda essa movimentação, que já provoca mudanças importantes no xadrez da economia global, deve ser apenas o começo da ofensiva de Donald Trump. Ele revelou, por exemplo, que vai implementar tarifas recíprocas a países que fixam impostos sobre produtos americanos; uma medida que, inclusive, coloca o etanol brasileiro na mira do tarifaço. Na última semana, o presidente ainda disse que vai impor tarifas sobre carros, semicondutores, chips, produtos farmacêuticos, madeira e mais “algumas outras coisas”.

O clima é de suspense. O enfrentamento da política tarifária de Trump vai depender de muita estratégia política e econômica, além de forte trabalho diplomático para rodadas de negociações, não apenas com os EUA, mas entre nações de todo o globo.

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