Presidente da Petrobras critica distribuidoras por não repassarem redução dos combustíveis aos consumidores: "incomoda"
Magda Chambriard destaca “queda expressiva” do preço dos combustíveis e do gás de cozinha desde o começo do governo Lula.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, criticou a postura das distribuidoras de combustíveis que, segundo ela, não têm repassado ao consumidor final as reduções nos preços promovidas pela estatal. Em entrevista a Míriam Leitão, do jornal O Globo, a executiva destacou que a companhia tem atuado de forma responsável para conter custos e reduzir os valores cobrados pelas refinarias, mas que os efeitos disso nem sempre chegam às bombas. “Quando o preço rebaixado pela Petrobras não chega ao consumidor final, isso nos incomoda”, afirmou.
Magda ressaltou que a insatisfação é ainda maior quando os postos que não repassam a queda nos preços ostentam a marca da Petrobras. “Nos incomoda principalmente quando um distribuidor que tem o nosso logo, por exemplo, não repassa o preço. Na verdade, todas incomodam”, declarou. Desde o início do governo Lula, em janeiro de 2023, a estatal registrou reduções significativas: o diesel ficou cerca de 26% mais barato, o QAV (querosene de aviação) teve queda de 36%, e a gasolina, de 11%, todas considerando os efeitos da inflação. O GLP, o gás de cozinha, também registrou "queda expressiva", segundo Magda Chambriard.
Petrobras fora do varejo, mas com novas estratégias - A presidente da companhia reforçou que a Petrobras, desde a venda de sua rede de distribuição, deixou de atuar na ponta da cadeia de comercialização, vendendo seus derivados apenas para as distribuidoras. “Nós perdemos a ponta, não vendemos mais para o consumidor. Vendemos para as distribuidoras”, explicou. Essa configuração impede a estatal de interferir diretamente no preço cobrado nos postos, mesmo quando o valor de venda nas refinarias diminui.
Embora a empresa não pretenda, por ora, retomar participação na distribuição ao varejo (modelo B2C), iniciou um projeto de vendas diretas para grandes consumidores (modelo B2B), como empresas do agronegócio, transporte e mineração. Os primeiros testes estão em andamento em São Paulo e em regiões do Matopiba — Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Alta produção, desafios de mercado e compromisso com o consumidor - Apesar da redução no preço do petróleo no mercado internacional — que passou de US$ 84 para cerca de US$ 65 por barril em um ano — e da valorização do real frente ao dólar, Magda afirmou que a Petrobras mantém projetos sustentáveis mesmo com margens mais apertadas. “Temos uma boa parte dos nossos projetos testados a US$ 28. Então, 96% dos nossos projetos estão entre US$ 28 e US$ 45”, destacou.
Esse cenário garante, segundo a presidente, a continuidade dos investimentos e da produção. “A empresa não vai parar, não vai deixar de investir, nós vamos seguir em frente. Isso acontece com todas as empresas de petróleo”, disse.
Petrobras mira longevidade e transição energética - Ao discutir os planos futuros da estatal, Magda Chambriard afirmou que a empresa está comprometida em ampliar sua presença no setor de energias renováveis. “Queremos ser uma companhia longeva, forte e relevante para o Brasil por muito tempo”, declarou. A Petrobras, hoje responsável por 31% de toda a energia primária consumida no país, pretende manter essa participação mesmo diante do crescimento projetado para as próximas duas décadas.
No planejamento até 2050, a empresa prevê ampliar significativamente seus investimentos em etanol, biodiesel, combustíveis renováveis, hidrogênio verde, energia eólica e reflorestamento. Uma das novidades será a inauguração da primeira biorrefinaria 100% renovável da Petrobras, no Rio Grande do Sul. “Em 2050, esses 31% serão supridos de 8% a 11% por combustíveis totalmente renováveis”, disse.
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